muito perto da loucura


Estou encostado á parede do outro lado do mundo das janelas, um espectro maior no espelho trémulo da noite que sopra, sombra que se afasta do sujo colorido do muro, aguarela negra.
Há uma pequena árvore inclinada, para o ângulo em que os passos do coração são um valado, um esgoto serpeante de beatas. Garrafas e copos partidos, caem vultos do telhado, numa doença escura, o vento a tocar nos ramos,não estivesse tudo tão quieto. 

Não deveria ser assim, mas vês-me, sou falador dentro da febre espessa, a névoa, estes reflexos, o rosto entre caveiras, os teus olhos de criança espantada, o roçar dos dedos, lâminas e canções, a tua língua move-se, do meio do nada um precipício de gente, símbolos, cópias, Deus ao pescoço, acho que conheço esta história...
Não tenho mais nada de importante para dizer, vou desfazer o teu vestido, despedaçar a alma, com um grito de urgência final...

Já estive mais longe da loucura, minha pele esbatida, tento libertar-me da escravidão dos meus dias, pairo apenas simplesmente, a sombra do café magoa, e do copo de onde bebo não tem fundo, assim como não tem dentro... 

Vale dos Anjos 2009

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